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  • Foto do escritorMarcela Chanan

Pesquisas de uma professora-fotógrafa durante a pandemia.

Por Marcela Chanan



De repente quarentena e me vi em uma pandemia, sem poder sair de casa. Para quem gosta de fotografar cenas do cotidiano esse foi um momento de reinventar-se.


No começo não me dei conta, fotografei em casa e entre uma saída e outra para ir ao mercado. Passei a "olhar com outros olhos" minha própria casa e ressignificar o cenário: as plantas da sala e do jardim, as luzes e sombras que se formam nos diferentes horários do dia, o céu de diferentes cores da janela do meu quarto, as experiências com materiais naturais, dentre outras coisas, tornaram-se fonte de pesquisa.

Era só falar em mercado que eu já estava preparada com o celular. Embora sempre encontre algo diferente nos mesmos caminhos, as paisagens começaram a ficar sem novidade, porque até as caminhadas para atividade física não podiam mais acontecer. Comecei a sentir falta das saídas, surgiu um vazio, uma necessidade de fotografar além...como um impulso interno de CRIAR algo novo em meio a essa situação.


Acredito que essa necessidade, despertou meu olhar para os alimentos em pleno mercado na área do hortifruti (talvez a prática de fotografar a natureza e as preparações da alimentação todos os dias em casa, podem ter disparado esse interesse). A partir desse dia, comecei a fotografar a feira livre também e redescobri esses lugares com uma estética especial, fui afetada!


No entanto não é qualquer feira, nem qualquer hortifruti, tem uma questão muito pessoal da forma como os alimentos são dispostos e, no caso da feira, de uma relação afetiva com o lugar. Fotografo sempre a mesma feira e o mesmo hortifruti.


O meu perfil pessoal funciona como um diário fotográfico, desde 2014, www.instagram.com/olharpraver pode parecer que as fotos são aleatórias, mas todas fazem parte de investigações, experimentações, estudos e escolhas intencionais. Uso tanto o celular quanto a câmera profissional, depende do contexto.


Já tive várias fases e não tenho um tema predileto, até frango assado na padaria já fotografei (risos) e foi intencional, acredite! É um movimento muito rápido, o celular está sempre a mão e com bateria. Digo que:


Primeiro fotografo com os olhos, depois com a câmera! Marcela Chanan

As imagens acima são fotos que comecei a fazer, em abril, durante a pandemia. Só a primeira da banana com pintinhas que parece ter antecipado o que viria. Todas essas fotos estão no instagram e no facebook como um convite a sensibilizar o olhar de quem me acompanha por essa rede social. Em algumas fotos coloquei perguntas para provocar as observações: O que você vê?, Como vê?, Já reparou nos detalhes?, O que atraiu seu olhar? Olhe mais uma vez, etc.


Não são fotografias espontâneas, todas me exigiram pensar uma composição, um ângulo, a luz, a quantidade de alimentos, a posição dos mesmos, o posicionamento do celular, o enquadramento em relação ao o que eu quero mostrar e o que não quero que apareça. Sem ser intrusiva ou atrapalhar o fluxo da feira (hortifruti é mais tranquilo, mas faço menos, meu encanto é a feira). Faço a feira naquele horário mais cheio que é mais barato, meu olhar passeia pelas barracas e por toda movimentação, são segundos para fazer escolhas e tomar decisões.


Nesse tempo de isolamento aproveitei para aprofundar ainda mais meus saberes sobre fotografia: fiz um curso, estudei, comprei livros, assisti filmes, pesquisei fotográfos interessantes, me apresentei em um festival com um projeto sobre fotografia e educação, ofereci encontros sobre fotografia como registro pedagógico, assisti lives sobre fotografia, mandei a câmera para revisão, explorei a câmera do celular, descubri muitas coisas e participei de um ciclo de estudos onde, mais uma vez, compartilhei meu percurso com a linguagem fotográfica.


E você, o que tem fotografado? Não se esqueça da ética!

Crie seus percursos de investigação, seja autor(a) dos seus processos!


*Todos os direitos autorais das imagens e texto reservados para Marcela Chanan. É proibida sua cópia sem autorização prévia. O compartilhamento da publicação na íntegra diretamente do blog (link e via redes sociais) é livre. E para impressão é obrigatório colocar a referência.


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Confira:

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